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La Parisserie
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REFLEXÕES

O tal do leite condensado

Pariticipei de uma matéria super interessante para o Jornal O Tempo essa semana, sendo o tema uma reflexão sobre o uso do leite condensado na confeitaria brasileira. Uma repercursão ao artigo do projeto “O Joio e o Trigo” (leia na íntegra aqui para saber mais), que deu o que falar nas redes sociais dos confeiteiros!

Postei a matéria completa do “O Tempo” nas redes sociais, e aqui no blog você pode ler na íntegra as minhas respostas para essa entrevista. 🙂

Um tema importante e necessário, que há muito já deveria estar nas reflexões dos profissionais da área.

1 – O leite condensado é ingrediente onipresente na doçaria brasileira e as propagandas da época sempre forjaram isso (há uma que era incentivando a substituição do leite materno!). Qual a sua opinião sobre isso, esses preparos “tradicionais” com o uso quase obrigatório na cultura alimentar do leite condensado? Ele é essencial para determinadas receitas?

O leite condensado, na verdade, é um produto muito recente na história da formação da nossa culinária. Apesar da presença maciça do ingrediente em sobremesas brasileiras, essas são muito mais amplas, técnicas, e criativas do que se imagina, e passam pela mesma tríade de conhecimentos e mãos que formaram a culinária do nosso país: índios, africanos e europeus. Reduzir nossa doçaria à influência única de um ingrediente, que foi introduzido por um belo golpe de marketing, é fechar os olhos à riqueza que temos em mãos, silenciar as vozes que participaram da sua construção, e desvalorizar toda uma história, toda uma memória coletiva.

Dito isso, é inegável que esse ingrediente faz parte, também, desse caminho que passa pela construção da doçaria brasileira. Não sou contra o leite condensado, e tenho sim memórias afetivas com doces feitos com ele, que adoro e consumo até hoje. A questão é: existe um mundo doce muito além do leite condensado, e tirando talvez o brigadeiro (esse sim, um doce criado única e exclusivamente por causa desse ingrediente), não penso em nenhum outro preparo em que o leite condensado seja essencial ou “obrigatório”. Nossas ditas receitas tradicionais, vieram muito antes dele e não tem nenhuma necessidade do seu uso, a não ser a falta de conhecimento (e interesse) sobre as receitas originais, que demandam muito mais trabalho, estudo e prática para serem executadas.

2 – Que substitutos são possíveis dentro das receitas que, “obrigatoriamente”, possuem leite condensado?

Como comentei, a única receita que vejo obrigatoriedade na utilização do leite condensado é o brigadeiro, e talvez seus “derivados”, como uma palha italiana etc. A base dessa receita tem 3 ingredientes imutáveis: leite condensado, chocolate e manteiga. A partir daí temos variações por questão de gosto, como adicionar creme de leite, usar um chocolate mais ou menos intenso, aromatizantes, etc. Qualquer outra receita pode ser feita sem ele, e, provavelmente, substituindo apenas por leite e açúcar, como o caso do arroz-doce que enviei para vocês. A questão, mais uma vez, é a praticidade e falta de conhecimento sobre o que fazer se não tenho o leite condensado! Desaprendemos nossa doçaria, as sutilezas envolvidas no processo. Por exemplo, um doce sem leite condensado vai demorar mais a dar o ponto, tem que ficar mexendo e de olho por mais tempo, é um trabalho cansativo, quente. Tem que ter cuidados e conhecimento de texturas, cheiros, “pontos”, e isso a maioria, infelizmente, não tem interesse em saber.

3- O Brasil é o maior consumidor de leite condensado do mundo. De acordo com dados da própria empresa divulgados em 2020, são sete latas de leite Moça por segundo, o que dá 220 milhões de latas por ano. O quanto isso pode comprometer a confeitaria, o legado gastronômico e as gerações futuras?

Acho que já compromete muito. É uma dificuldade ser um profissional da área e ser demandada a todo tempo pelos mesmos produtos, mesmos sabores, realmente muito triste e desanimador. Claro que não são todos, mas é uma grande parcela que ainda temos que lidar no mercado consumidor. Fazemos um trabalho de formiguinhas mesmo, explicando, trazendo novas ideias, propondo alternativas e mostrando outros caminhos. E isso demanda muito estudo, muita experimentação, construção de referências, testes, pesquisas, anos de trabalho, que na maioria das vezes não é valorizado. Muitos que trabalham na área querem o conhecimento pronto, demandam receitas, mas não sabem o que fazer se algo dá errado. Não tem interesse em conhecimento, apenas em informações. Querem tudo pra ontem, pois “fulano faz”, “isso vende”, independente se faz sentido ou não.

E ainda caímos, também, na questão da transmissão desses conhecimentos dos doces tradicionais, que é outro problema. Brigadeiro e leite condensado são considerados 100% brasileiros, mesmo sendo um ingrediente de origem americana que foi introduzido por massificação de propaganda da indústria, colocando-se como parte da nossa identidade até mais que a doçaria tradicional. Todo brasileiro conhece, já comeu, e se reconhece no brigadeiro, como parte de uma coletividade, mas não podemos falar o mesmo de outros doces típicos.

Podemos encontrar registros de propagandas de leite condensado, a chegada do ingrediente ao país, das mudanças das latas de leite Moça, incluindo receitas práticas para as donas de casa, etc, mas pouco se acham registros de doces tradicionais. Não é a toa que toda uma geração tem referência de sobremesas feitas a base de um único ingrediente. Além dos registros, soma-se a isso a facilidade de reprodução, não sendo necessária uma transmissão de saber prático para confeccionar essas sobremesas.

Ah, mas e os cadernos de receitas antigos? São também registros, então porque a doçaria tradicional “não vingou”? Nem mesmo os cadernos de receitas são suficientes para essa transmissão. Além de falar apenas de parte dessa doçaria tradicional (geralmente a de influência europeia), deixando muita coisa de fora, não é raro pegarmos uma receita antiga de nossas avós e tentar replicar sem sucesso, se não tivemos o acesso físico desse saber, ao lado delas. O saber era passado, principalmente, oralmente, pela prática, pelo convívio, pelo dia a dia.

Nesse sentido, na doçaria tradicional temos uma memória que se perde no tempo, pois nem o registro escrito, e nem mesmo a transmissão oral a tem continuado, ou muito pouco, e em casos bem específicos. E do outro lado temos uma cultura facilitadora dos ultraprocessados na nossa confeitaria. Um simples exemplo: porque aprender a fazer um creme de confeiteiro do zero, se posso comprar uma mistura pronta da indústria, ou simplesmente fazer algo semelhante com leite condensado, que é muito mais prático? É muito difícil competir com isso, é necessário um discernimento que, apesar de “fácil”, isso não é bom, em nenhum aspecto da cadeia produtiva, e nem para construção da nossa identidade doceira.

Meu trabalho hoje, assim como de vários outros profissionais da área, é ajudar fazer ouvir essas vozes silenciadas, mudar o foco, mostrar as possibilidades e incentivar o questionamento, a curiosidade e o estudo dos que entram no mercado. O leite condensado já faz parte da nossa identidade doceira, e tudo bem. Mas ele deveria ser lembrado, apenas, como mais um ingrediente, e não como a única possibilidade, e nem a base da nossa doçaria.

ENTREMETS

Charlotte Floresta Negra

Uma receita linda, leve e deliciosa para aproveitar a estação das cerejas. Nessa receita uni duas sobremesas clássicas em uma, e a partir dela você também pode brincar com os sabores e fazer novas combinações.

A Charlotte é uma sobremesa de origem Inglesa, feita em homenagem à Rainha Charlotte, esposa do Rei George III. Ela pode ser feita com biscoito champagne, ou boudoirs (como ensinei na live da “Fornada Surpresa” em agosto! Corre no perfil para ver!), genoises, e até mesmo pão de forma ou brioches. Recheada com frutas, cremes ou mousses, é como um “pavé”, mas com uma montagem elegante e sofisticada.

Os sabores mais tradicionais são de pêra, maçã ou pêssego, mas nada impede que façamos nossas próprias criações com outras frutas e sabores. Por isso, pensei em uma receita que fosse a cara do natal e juntei esse “pavé” lindão com os sabores clássicos da Floresta negra!

A Floresta Negra é um bolo delicioso de chocolate com chantilly e cerejas embebidas em Kirsch (um licor de cerejas), e foi minha referência para elaborar a receita dessa Charlotte. Para montar uma Charlotte precisamos de alguns materiais específicos, mas caso você não tenha, monte como um pavé! 😀 Em camadas de creme, frutas e biscuits, e garanto que ficará tão delicioso quanto! O importante é se aventurar na cozinha fazendo algo doce para as pessoas que você ama!

Vamos começar com os utensílios:

  • Um aro, ou forma alta com fundo removível, de 16cm de diâmetro
  • Rolo de acetato com 7cm de largura
  • Espátulas
  • Fouets
  • Tigelas
  • Batedeira
  • Tabuleiro
  • Tapete de silicone ou papel manteiga
  • Saco de confeitar
  • Bico de confeitar liso com 12mm de diâmetro
  • Peneira fina
  • Faca de serra

Ingredientes para o biscuit à la cuillère:

  • 4 claras (120g)
  • 4 gemas (80g)
  • 125g açúcar
  • 125g farinha
  • Açúcar de confeiteiro para polvilhar.

Dica: se quiser fazer os biscuits de chocolate, substitua 10g da farinha de trigo por cacau (100%) em pó.

Ingredientes para o creme e recheio:

  • 350g de creme de leite fresco (35% de gordura)
  • 50g de nata
  • 15g de açúcar refinado
  • 45g de mascarpone, cream cheese ou qualquer queijo branco cremoso e firme.
  • 60g de chocolate 60% ralado ou em lascas (+ para decorar).
  • 100g de cerejas frescas (+ para decorar).

Ingredientes para a calda:

  • 75ml de água
  • 75g de açúcar
  • 60ml de kirsch (ou outro licor claro a sua escolha, pode ser licor de laranja, amêndoas, rum)

Modo de preparo do biscuit:

Pré-aquecer o forno à 180ºC.

Forrar o tabuleiro com o tapete de silicone ou o papel manteiga. Marque um círculo de 14cm de diâmetro. Reserve.

Bata as gemas com metade do açúcar até ponto de fita (vai ficar um creme bem clarinho e fofo que, quando deixamos escorrer do fouet, forma “fitas” na massa que está na tigela). Bater as claras em neve firme com o restante do açúcar. Delicadamente incorporar as claras batidas com as gemas. Acrescentar a farinha e incorporar com bastante cuidado para não perder a aeração da massa. Colocar a massa no saco de confeitar com o bico.

Preencher o círculo marcado com a massa fazendo uma espiral de dentro para fora. Importante não sair da borda!

No restante do tabuleiro fazer os biscuits com +- 10cm de comprimento.

Salpicar tudo com açúcar de confeiteiro muito bem. Levar ao forno até dourar levemente. Tirar e deixar esfriar.

Modo de fazer a calda:

Leve ao fogo o açúcar e a água até ferver e o açúcar dissolver por completo. Fora do fogo acrescente o licor. Deixe esfriar.

Modo de fazer o creme:

Bata o creme de leite bem gelado, a nata, o queijo e o açúcar até ponto de chantilly. Envolva as lascas de chocolate. Reserve na geladeira até a montagem. Tire o caroço e corte ao meio as cerejas. Reserve.

Montagem:

Tire os biscuits do tabuleiro com cuidado. Já prepare a base em que for montar a charlotte. Corte, com uma faca de serra, uma das pontas de cada biscuit, para que fiquem todos do mesmo tamanho e com a base reta. Forre o aro, ou a forma, internamente com o acetato. Cubra a lateral com os biscoitos, bem juntinhos, deixando a parte reta para baixo em contato com o fundo.

Corte qualquer rebarba que tenha sobrado do círculo de massa, para que fique certinho. Embeber o círculo na calda e colocar no fundo da torta.

Colocar metade do creme batido na torta e forrar com metade das cerejas, pressione levemente para que afundem um pouco. Embeber alguns biscuits na calda e colocar por cima. Despejar o restante do creme e mais cerejas. Feche usando o restante dos biscuits embebidos. Leve à geladeira por 2h, pelo menos.

Tire o aro. Decore o topo com cerejas bem maduras e frescas (veja o vídeo que fiz com a dica para tirar os caroços e manter as cerejas inteiras aqui) e lascas de chocolate. Mantenha a torta na geladeira até a hora de servir. Tire o acetato com muito cuidado (caso for transportar a Charlotte, mantenha o acetado até a hora de servir.). Você pode passar uma fita na torta para dar um charme a mais.

Delicie-se como um personagem da realeza! Afinal, é uma torta digna de uma Rainha! 😀

Feliz natal para todos, e que o próximo ano seja infinitamente mais doce!

RECEITAS

Sobre memória afetiva e uma receita doce

Nesse post escolhi falar um pouquinho sobre o que a confeitaria representa para mim. Dentre muitas coisas, talvez a mais significativa, seja o afeto. Quando penso em doces, quando penso na minha história com a confeitaria, sempre me vem momentos de afeto, de carinho, e alegria.

A carga afetiva de uma sobremesa é algo realmente impressionante, carregamos memórias de momentos e receitas que nos marcam para o resto da vida. Viram nossas “madeleines de Proust”, por assim dizer, numa busca incessante dàqueles momentos, para revivê-los.

Ao longo dos anos temos a sorte de nos deparar com surpresas, algo que nos remeta ao “doce da minha avó”, ou um “era assim que minha mãe costumava fazer”. Percebam que, na grande maioria das vezes, o doce está conectado ao feminino, ao agrado de mãe/vó/tia, não é por acaso que a carga afetiva é tão forte.

Cada doce carrega uma história. Carrega memória, às vezes até mais fortes que a da comida, pois o doce tem ainda a característica de “momento especial”: de uma comemoração, de um alento por um machucado, de uma “recompensa” por dever cumprido, de um segredo entre avó e neta (que não deveria comer uma segunda porção da sobremesa, mas ganhou sem a mãe ver), de uma viagem de férias na praia (única vez no ano em que picolé todos os dias da semana era possível!), e por aí vai…

Quando escolhi a confeitaria como profissão, a capacidade de se proporcionar momentos assim com meu trabalho foi definitivamente um dos motivos da minha decisão.

São muitas as memórias afetivas ligadas aos doces na minha vida, talvez as minhas mais queridas. E pelo mesmo motivo acho impenssável a confeitaria não ter o mesmo espaço na gastronomia por aqui. Simplesmente não faz sentido,não acham?

Fazer e comer doces me faz feliz. Fazer para outros se deliciarem e criar suas próprias memórias, celebrar um evento, ou mesmo um momento de paz num café da tarde, é ainda mais gratificante.

O tema é tão importante, que já virou debate, evento, e teve uma edição inteira de revista de gastronomia dedicada a ele (Revista Feira – segunda edição).

Fica aqui meu convite para essa reflexão. Um tema importante e de grande peso para pensarmos o que e como queremos ver no crescimento da profissão por aqui.

E fica também minha homenagem à receita de arroz doce da minha avó paterna, que era sua sobremesa assinatura, e que marcou nossas vidas com todo o carinho que ela dedicava à família. Essa receita me remete a coisas muito boas: férias no interior, almoço em família, geladeira vermelha antiga da vovó cheia de delícias, natal, gostinho de limão e canela em colheradas fresquinhas e cremosas…pois não tem lugar mais ligado afetivamente aos doces do que Minas.

Essa é a minha versão. Mais leve, mas não menos saborosa, para você ter um momento de afeto com os seus, e, quem sabe, criar novas memórias..

Essa receita usei na primeira edição do “Jantar de sobremesas”, fica deliciosa servida com compota de jabuticaba, ou frutas frescas da estação!

Um pouquinho de doce e carinho para seu dia, e até a próxima!

Arroz doce da Vó Nidinha, com afeto, pela neta Mariana:

IngredienteQuantidade
Arroz200g
Água600g
Leite integral400ml
Açúcar40g
Limão (casca sem a polpa branca)1
Chocolate branco100g
Crème de leite fresco400g
Canela em póSalpicar a gosto

Arroz doce: cozinhar o arroz na água até ficar bem macio. Juntar leite com açúcar, e casca de limão cortada em tiras sem a polpa branca e cozinhar em fogo brando até ficar cremoso.

Fora do fogo juntar o chocolate branco e incorporar. Resfriar.

Bater creme de leite fresco em ponto quase chantilly e incorporar ao arroz doce frio.

Salpicar canela em pó e servir.

EVENTOS

Dia internacional do macaron!

Um dia consagrado ao petit four símbolo da pâtisserie francesa! Apesar de sua origem italiana, o macaron, como é feito e conhecido hoje, é de receita francesa. A receita original italiana é próxima aos biscoitos “amaretti”, mas só depois de chegar à França é que foi feita a remodelagem do doce para algo bem mais delicado (e complicado de se fazer!) como conhecemos hoje, além da maravilhosa ideia de colocar recheios e sabores variados deliciosos! Esses são conhecidos como “macarons parisienses”.

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O “Dia Internacional do Macaron” foi criado por Pierre Hermé em 2005, e acontece todo dia 20 de março, que também marca o primeiro dia da primavera no hemisfério norte. Mas a idéia vai além de apenas comemorar esse delicado docinho e a chegada de dias ensolarados. A proposta é arrecadar doações para o combate à mucoviscidose, ou fibrose cística, uma doença genética que afeta os aparelhos digestivo e respiratório e as glândulas sudoríparas.

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Hoje em toda a França e em alguns países do mundo sua doação vale um macaron de presente. Várias lojas em Paris ainda oferecem eventos de animação e criação de novos sabores de macarons para chamar a atenção do público para a causa. Forma super legal e deliciosa de ajudar! 🙂

Pierre Hermé, criador do evento, é talvez o Chef Pâtissier mais famoso pelos macarons na atualidade. Considerado o “Picasso da confeitaria”, ele consagrou o doce com suas receitas de sabores mirabolantes e únicos, inclusive os macarons salgados, como o de “fois gras”. Suas lojas espalhadas pela capital francesa valem a visita, e meu conselho é experimentar o macaron “mogador”, feito com uma ganache de chocolate e maracujá num equilíbiro perfeito dos dois sabores! Realmente delicioso!

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Devo confesar que os macarons do Pierre Hermé não são os meus favoritos de Paris (blasfêmia!!! :p ), mas com certeza são imperdíveis pelas combinações de sabores exóticos e muito bem trabalhados que só o Chef Hermé consegue fazer.

Inspirada pelo macaron “mogador”, a La Parisserie criou sua versão abrasileirada do doce com recheio de ganache de chocolate belga ao leite e cupuaçu, que é, como diriam os francesese, “une tuerie!” 😉

E para celebrar esse dia a La Parisserie deixa aqui uma receita de macarons de chocolate com recheio de geléia de framboesas, e com todas as dicas para um macaron perfeito! 🙂

Importante: Todas as medidas tem que ser precisas. Use uma balança digital de preferência.

Para os macarons:

  • 300g de açúcar de confeiteiro (glaçúcar)
  • 220g de farinha de amêndoas
  • 20g de cacau em pó de boa qualidade
  • 200g de claras envelhecidas (separe as claras das gemas e deixe-as na geladeira por uma semana antes de usar. O peso das claras é muito importante!)
  • 200g de açúcar refinado
  • Algumas gotas de corante alimentício vermelho
  • Geléia de framboesa para rechear

Misture o cacau, farinha de amêndoas e o glaçucar. Bata no processador de alimentos até ficar bem fino e homogêneo. Passe por uma peneira.

Em um bowl limpo e seco, de vidro ou inox, coloque as claras e o açúcar. Bata com um fouet em banho maria até que o açúcar dissolva. Tire do banho maria e coloque na batedeira batendo ao máximo até um merengue firme se formar. Essa técnica é a do “merengue suiço”. Acrescente as gotas de corante vermelho e a mistura dos ingredientes secos. Agora com uma espátula grande ou um raspador (prefiro esse), faça movimentos de baixo para cima e virando o bowl para incorporar os ingredientes. Espalhe a massa pela lateral inteira do bowl, depois recolha tudo ao centro. Essa técnica se chama “macaroner” e é importantíssima para dar a textura correta ao seu macaron. Repita essa técnica até que a massa fique lisa e brilhante. No entanto, não misture demais ou a massa ficará mole e seus macarons não crescerão no forno.

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Técnica “macaroner”

Coloque a massa num saco de confeitar com bico liso. Faça pequenas bolinhas de massa sobre um tabuleiro forrado com tapete de silicone ou papel manteiga. Dê espaço entre eles. Bata o tabuleiro na mesa para tirar bolhas de ar e para que os macarons fiquem lisos. Você pode salpicar mais um pouco de cacau por cima para um efeito diferente se quiser.

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Pré-aqueça o forno à 135oC. A temperatura pode variar dependendo do seu forno, mas é importante que seja baixa para que o merengue asse aos poucos formando a crosta por fora e fique macio por dentro. Asse os macarons por 15min. Tire-os do forno e deixe esfriar completamente antes de tirar do tabuleiro.

Recheie com a geléia de framboesas da sua preferência. Guarde os macarons na geladeira por pelo menos 24h antes de degustar. A espera vai valer a pena! 😉

 

DICAS

Angelina! Pausa para um chá em Paris.

“Angelina” é, provavelmente, uma das mais tradicionais casas de chá de Paris. Foi fundada em 1903 pelo austríaco Antoine Rumpelmayer, e, desde então, se tornou um endereço de elegância e sofisticação da confeitaria francesa, e mais uma das visitas imperdíveis em Paris!

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Foi frequentada por nomes como Proust e Coco Chanel, além de vários outros personagens da aristocracia francesa. Seu salão, lindamente decorado, é uma atração a parte, além de sua localização sob as arcadas da Rue de Rivoli que fazem dessa pâtisserie um ponto de encontro de puro luxo! Você pode comprar suas tradicionais delícias no balcão e levar para casa, mas a experiência de um chá da tarde ou um brunch de domingo é imperdível!

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Dependendo da época do ano recomendo fazer uma reserva antecipadamente, pois a casa lota com frequencia. Não é incomum ver filas de espera na entrada, tanto para o salão de chá, quanto para as compras no balcão.

Conseguindo uma mesa no salão não deixe de provar o chocolate quente, há anos eleito o melhor de Paris! Para acompanhar, um mil folhas ou o premiadíssimo mont-blanc! Doce tradicional feito a base de merengue e marrons (conhecidas no Brasil como “castanhas portuguesas”), e que fez a fama da casa desde a sua abertura!

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Presenteie-se com um chá da tarde na Angelina após uma visita ao Louvre, e finalize com um passeio pelo Jardim de Tuileries para (mais) um dia perfeito em Paris! 😉

 

 

 

DICAS

La Pâtisserie des Rêves

Hoje vou falar um pouco da “La Pâtisserie des Rêves”, mais uma das pâtisseries que considero imperdíveis em Paris!

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Foi criada em 2009 pelo talentoso Chef Philippe Conticini e seu sócio Thierry Teyssier. No entanto, Philippe Conticini é quem comanda a casa e recebe praticamente todos os louros. Um Chef pâtissier com um grande conhecimento também na área da cozinha, e conhecido pelo seu paladar e senso de sabores inigualáveis!

A La Pâtisserie des Rêves nasceu com o intuito de trazer as memórias gustativas da infância de volta! Aqueles doces que nossas mães, avós ou tias faziam e eram uma experiência única na nossa infância, e que nos marcaram para sempre! Todos temos uma memória assim, e a ideia da loja é de criar lembranças “gourmet”. Mas não no sentido cheio de “rococós” da palavra, como nos aparece hoje, mas sim, das lembranças de gostosuras, ou até mesmo “gordices”, que fizeram parte da infância.

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Lá você vai encontrar clássicos da confeitaria francesa que fizeram, e fazem, parte do dia a dia de qualquer criança na França, mas, obviamente, com toques de um Chef brilhante. Versões “gourmand” (ou gordinhas) de éclairs de chocolate, mil folhas de baunilha, tortas de limão com merengue, e o indescritível Paris-Brest de praliné! Eleito o melhor Paris-Brest de Paris (e o qual a La Parisserie se inspirou para fazer a sua própria receita! 😉 )

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Para reafirmar esse ideal, a La Pâtisserie des Rêves ainda promove todos os anos um “piquinique escolar”, ou o chamado Le Goûter, como é conhecido na França o lanche de gostosuras das crianças após as aulas. Dezenas de pessoas, principalmente famílias com crianças, se reúnem em um dos maravilhosos parques de Paris em um domingo a tarde de setembro, usando as cores rosa e branco (cores da loja) para um piquinique de gostosuras oferecido pela loja! No site você ainda acha uma parte dedicada exclusivamente para as crianças, e a loja é conhecida por promover datas especiais e eventos especialmente voltados para os pequenos (mas que encantam também os grandes!)

Uma visita a essa “pâtisserie dos sonhos” é imperdível e recomendo a todos que estejam de passagem por Paris! Tenho certeza que vai deixar uma doce lembrança na sua viagem! 🙂

 

DICAS

L’éclair de Genie e um passeio pelo Marais

Hoje é bastante comum encontrar por Paris pâtisseries especializadas em produtos únicos. Por exemplo, recentemente foi aberta a “Maison de la Chantilly”, uma confeitaria especializada no verdadeiro creme chantilly e sobremesas feitas com ele. Da mesma forma, você vai encontrar casas especializadas em macarons, chouxs, bolos, e, como a nossa pâtisserie do dia, em éclairs!

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A L’éclair de Genie abriu suas primeiras portas na região do Marais em Paris. Um bairro super charmoso e um dos meus preferidos para passear e encontrar delícias! Por isso mesmo, vou dar algumas dicas do que ver por lá, além da famosa casa de éclairs!

Dirigida pelo renomado Chef Christophe Adam, a L’éclair de genie é uma pâtisserie especializada em maravilhosos éclairs dos mais variados sabores! Na loja você também encontra chocolates e pralinés, mas as estrelas são realmente os éclairs, que podem chegar a 7 euros a unidade dependendo do sabor, mas valem a experiência! A massa é super leve e macia e os recheios (super bem servidos por sinal!) são realmente de lamber os dedos!

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Aguns sabores são permanentes, como o de caramelo salgado (um dos meus favoritos) e o de maracujá com framboesa. Mas a maioria são sazonais, de acordo com ingredientes da época e datas comemorativas. Os de chocolate são outra atração, pois a cada mês um novo tipo de chocolate (de diferentes partes do mundo) é utilizado para criação de um éclair bombástico!

Tive a experiência de trabalhar na loja por um dia em 2014, ano em que ganhei o concurso promovido pela L’éclair de Genie em Paris para criação de um novo sabor. O concurso envolveu confeiteiros e amadores do mundo todo, que enviaram centenas de receitas para concorrer. Eu mesma fiz quase 10 receitas diferentes para o concurso, todas baseadas em sabores tipicamente brasileiros! Após duas fases muito concorridas e acirradas, fiquei em primeiro lugar com a minha receita do éclair de caipirinha! 🙂

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O prêmio, além de uma viagem para Paris para trabalhar com o Chef Christophe Adam na pâtisserie, consistia em ter o éclair vencedor vendido na loja por todo o mês de junho de 2014 🙂 Foi uma experiência sem igual! Os éclairs são confeccionados diariamente, sempre frescos, e feitos, em grande parte, de forma manual e artesanal. Os ingredientes utilizados são sempre os melhores possíveis! Tive ainda a experiência de vender os écláirs na loja por algumas horas, e foi realmenre muito legal ver o interesse dos clientes no novo sabor “exotic” do Brasil!

Ao se visitar o Marais, uma passada no  L’éclair de Genie é indispensável! Hoje o Chef já conta com várias lojas espalhadas pela “Cidade Luz”, mas a do Marais é, para mim, a mais charmosa e, de quebra, te leva a passear por um dos bairros mais simpáticos da cidade!

Para visitar o Marais recomendo tirar uma manhã e parte da tarde para aproveitar bem o passeio. São ruazinhas lindas que escondem história, beleza, arquitetura, diversidade, museus e uma culinária espetacular! É uma região para passear sem pensar no tempo, para apreciar, para encontrar pracinhas escondidas entre prédios antigos e sentar na grama para aproveitar o dia de sol enquanto toma um sorvete (ou come um éclair!).

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Entrar em lojinhas fofas, e aproveitar da culinária local maravilhosa, influenciada pela grande comunidade judia que reside na região é outro must! Pelo mesmo motivo é onde o comércio fica aberto aos domingos na cidade, atraindo muitas pessoas e mantendo a região sempre animada!

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Para almoçar recomendo o Chez Marianne, restaurante super tradicional de comida judáica e do oriente médio. Vale esperar uma mesa e se deliciar em um almoço sem pressa. Para os que não tem muito tempo, recomendo um sanduíche no pão pita no Miznon, sempre com ingredientes ultra frescos da estação e opções deliciosas da cozinha israelita! A casa é bem dinâmica e com opções que mudam todos os dias no cardápio. Vale a visita!

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No mais é passear e aproveitar cada momento dessa cidade maravilhosa! 🙂

 

 

DICAS

Pâtisserie et Chocolaterie Jacques Genin

Aberta em 2008, a Pâtisserie de Jacques Genin foi uma das que mais me chamou a atenção em Paris, por ter um conceito bem mais clean e moderno de pâtisseries e casas de chá, bem diferente das clássicas e ornamentadas Ladurée e Angelina, por exemplo. Aliás, essa é uma tendência entre os novos Chefs pâtissiers e pâtisseries em Paris, lojas bem menos adornadas, cores mais sóbrias (às vezes até sem graça), mas com foco total nos produtos, que são as verdadeiras jóias.

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A loja se divide em chocolaterie (parte especializada em chocolates), confiserie (parte especializada em doces a base de açúcar, como caramelos, marshmallows, nougat, pâte de fruits…) e salão de chá, no primeiro andar. E o atelier/fábrica no segundo andar. Os únicos produtos expostos são os chocolates, caramelos e pâte de fruits. Aqui você não vai encontrar uma vitrine cheia de sobremesas, tortinhas e outras delícias em exposição como vemos com frequência em Paris.

Para provar as sobremesas você tem que conseguir uma mesa no disputado salão de chá, mas vale a pena a espera! Os doces são montados na hora e apresentados em um pequeno cardápio que muda todos os dias. Os destaques ficam, com certeza, com a torta de limão e manjericão, e o mil folhas. A tartelette de caramelo com nozes também vale a degustação, assim como o Paris-Brest ultra recheado! Peça um chocolate quente para acompanhar, combinação infalível!

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Após a degustação no salão de chá não deixe de comprar as delícias expostas na loja, que são as verdadeiras especialidades da casa. Os chocolates são uns dos melhores de Paris, mas o destaque para mim foram, realmente, os caramelos amanteigados (macios, de vários sabores e que derretem na boca!) e as pâte des fruits, que são um tipo de bala de goma, mas feitas com a polpa da fruta de verdade! Deliciosas!

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Os caramelos e pâte de fruits não são baratos, mas valem cada centavo (e mordida!), são excepcionais! E foram inspiração para a criação dos caramelos da La Parisserie, que estarão disponíveis para encomenda a partir de amanhã! 🙂

FRANÇA

Galette des Rois – Tradição Francesa do mês de…

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O mês de Janeiro na França ainda tem comemorações! O Dia de Reis é comemorado todos os anos com uma sobremesa especialmente feita para a ocasião. A Galette des Rois é tradicionalemente feita a base de massa folhada e recheada com creme de amêndoas ao rum, ou com frangipane, mas hoje em dia você encontra as mais variadas opções de recheios: chocolate, frutas secas, compota de maçã, gianduia, etc. Em algumas partes da França a Galette é feita com massa de brioche em forma de coroa com frutas confitadas e água de flor de laranjeira.

A tradicional torta conta ainda com uma pequena “surpresa”. Dentro de cada uma das tortas é escondida uma “fève”. Geralmente pequenas estatuetas feitas de cerâmica e que podem ter os mais variados formatos e temas. De acordo com a tradição, quem sair com a fatia premiada é coroado o Rei, por isso mesmo várias confeitarias já enviam, também, uma coroa de papel dourado junto com a torta para que a brincadeira seja completa!

Para entrar no clima Francês nesse mês de Janeiro a La Parisserie terá sua própria versão da Galette des Rois! Feita com massa folhada crocante e recheada com creme de amêndoas ao licor Amaretto e gotas de chocolate belga 50% 😉 Está imperdível!

E logo abaixo você encontra a receita tradicional da torta!

Ingredientes:

  • Dois pedaços de massa folhada de +- 30cm de diâmetro.
  • 60g de manteiga em temperatura ambiente
  • 60g de açúcar refinado
  • 1 ovo
  • 60g de farinha de amêndoas
  • 1/2  colher de chá de Rum

Para finalização

  • Uma gema batida
  • 50ml de agua
  • 50g de açúcar refinado

Num bol misture a manteiga com o açúcar usando um fouet até ficar bem cremoso. Juntar a farinha de amêndoas e misturar. Por último o ovo e o rum. Misture até ficar bem homogêneo. Coloque o creme num saco e confeitar e leve à geladeira por 30min.

Coloque um dos pedaços de massa folhada sobre um tabuleiro forrado com papel manteiga. Usando um aro de 20cm de diâmetro marque a massa delicadamente. Disponha o creme de amêndoas no centro do círculo marcado na massa fazendo um espiral. Deixe +- um dedo de distância da borda marcada. Se quiser, esconda uma “fève” no creme.

Pincele toda a borda da massa com àgua morna e coloque o outro pedaço de massa folhada por cima. Passe a mão em volta selando bem toda a torta. Colocar o aro de 20cm por cima novamente para marcar. Levar a torta ao freezer por 30min.

Com a ponta de uma faca bem afiada corte a massa folhada em volta da marcação anterior deixando um espaço de 2cm de borda. Passar a gema batida por toda a torta e levar a geladeira até secar. Passar mais uma camada de gema batida, e usando a ponta da faca fazer desenhos na massa. Usando um palito de dente pique toda a massa.

Levar ao forno pré-aquecido a 200 oC até dourar completamente. Enquanto isso ferva a água e o açúcar para fazer um xarope. Assim que ferver e o açúcar estiver totalmente dissolvido tire do fogo e reserve.

Assim que a torta sair do forno pincele o xarope por toda a torta. Isso dará brilho.

Deixe esfriar e sirva! 🙂

PERFIL

Depois de se formar em Direito na UFMG, Mariana Correa resolveu mudar de carreira e se dedicar ao que sempre lhe fascinou: a cozinha. Formou-se em gastronomia em Belo Horizonte e, em 2013, foi para França, onde cursou o Le Grand Diplome na renomada escola de culinária Le Cordon Bleu, em Paris, permanecendo entre os cinco melhores estudantes durante todo o curso.

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